A cada dia o setor agropecuário vem prestando mais atenção a questões relativas a mudanças climáticas e sustentabilidade. Não é para menos, afinal a produção é particularmente sensível às consequências do aquecimento global. Diante disso as discussões sobre agricultura de baixo carbono vem ganhando destaque.
O efeito estufa e o aquecimento global:
A manutenção da temperatura da Terra depende de um fenômeno chamado “Efeito Estufa”. Ele funciona da seguinte forma: parte do calor que chega ao nosso planeta pelos raios solares é absorvida pelo solo e pela água enquanto outra parte é devolvida à atmosfera e dissipada. Porém, devido aos gases estufa uma parcela do calor fica retida em nosso planeta, o que atua para manter a estabilidade do clima.
Embora o fenômeno seja benéfico, nas últimas décadas a emissão dos gases causadores do efeito estufa vem se intensificando, o que faz o planeta reter mais calor do que seria o normal. Isso provoca o aumento da temperatura do planeta e gera o chamado aquecimento global. O aquecimento, por sua vez, faz com que alguns fenômenos naturais ocorram de forma mais extrema e frequente, assim como causa mudanças bruscas nos ciclos de vento e chuva.
É importante notar que é a ação humana que vem aumentando a emissão dos gases do efeito estufa – sendo os principais deles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Dentro desse contexto, a agropecuária também é um dos principais responsáveis pela emissão de gases causadores do efeito estufa, o que exige uma atitude efetiva.
O que é agricultura de baixo carbono?
A agricultura de baixo carbono é voltada para diminuir a emissão do CO2 na atmosfera. Com o uso de diversas técnicas, ela oferece a possibilidade de mitigar os danos e obter uma forma de cultivo mais sustentável.
Por que o carbono é tão importante? É porque o solo conta com grandes quantidades desse elemento. Dependendo da forma como é manipulado, o CO2 acaba sendo lançado para a atmosfera. Em um panorama considerado ideal, as plantas conseguem capturar o carbono pelo processo de fotossíntese e enviá-lo novamente para o solo, onde é utilizado pelas raízes como alimentação e nutrientes para plantas e microrganismos. Não é o que vem ocorrendo atualmente.
Devido a ação humana, muitas vezes a quantidade de dióxido de carbono lançado na atmosfera é superior ao que as plantas podem absorver, o que aumenta a emissão dos gases e piora a situação. No Brasil, por exemplo, as atividades agropecuárias são responsáveis por cerca de 30% das emissões de gases do efeito estufa do país.
Quando ocorre o devido manejo do solo, é possível minimizar os efeitos da emissão de gases do efeito estufa. Com o uso de técnicas é possível “sequestrar” o carbono e fazer com que uma parte do elemento volte ao solo, evitando sua emissão excessiva para a atmosfera.
Agricultura de baixo carbono no Brasil
Desde 2010 o Brasil conta com o chamado Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, também chamado de Plano ABC.
Trata-se de uma linha de crédito que oferece taxas de juros diferenciadas para estimular produtores a implementar projetos ou adotar tecnologias que ajudem a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O plano possui sete programas ao todo: seis deles possuem foco em minimizar os danos climáticos, enquanto outro é de adaptação aos cenários de mudanças climáticas. São eles:
1. Recuperação de Pastagens Degradadas: O solo degradado oferece prejuízos em produtividade e resiliência, assim como a perda de cobertura vegetal e matéria orgânica. Cuidar da recuperação ajuda a minimizar a emissão de CO2.
2. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs): A técnica iLFP integra em um mesmo espaço a agricultura, criação de gado e sivicultura, enquanto SAFs são esquemas que combinam espécies florestais e cultivos tradicionais. Essas técnicas tendem a aumentar a produtividade na agropecuária e aumenta o retorno financeiro pela exploração de frutos e madeira.
3. Sistema Plantio Direto (SPD): Esse sistema utiliza palha e material orgânico de safras anteriores como adubo e nutrição para o solo além de revolver o solo apenas na linha de semeadura. Entre seus benefícios, o plano ajuda a conservar o solo, água e biodiversidade assim como reduz o uso de combustíveis fósseis e fertilizantes.
4. Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN): A técnica introduz bactérias capazes de fixar no solo o nitrogênio disponível na atmosfera, reduzindo potencialmente o uso de fertilizantes.
5. Florestas Plantadas: A plantação de espécies nativas e exóticas auxilia no sequestro do CO2 para o solo. Além disso, o plantio de espécies exóticas também reduz a pressão existente sobre matas nativas, uma vez que aumenta a oferta de madeira disponível.
6. Tratamento de Dejetos Animais: O devido manejo e tratamento dos dejetos animais ajuda a reduzir a emissão de metano na atmosfera. Outro ponto positivo é que a produção de adubo orgânico reduz o uso de produtos químicos e ainda possibilita converter o biogás em energia.
7. Adaptação às Mudanças Climáticas: Promove sistemas diversificados e de uso sustentável de recursos de biodiversidade e hídricos, com apoio durante a transição e outras iniciativas que ajudam na adaptação à nova realidade climática.
O projeto está em sua segunda fase e já definiu metas a serem alcançadas até 2030. Caso esteja interessado em saber mais sobre as linhas de crédito disponíveis, acesse Embrapa.
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