A irrigação desempenha um papel fundamental na cultura do trigo, especialmente em regiões de clima mais seco ou em períodos de irregularidade hídrica. Mesmo sendo uma planta considerada moderadamente tolerante à seca, o trigo responde muito bem à disponibilidade de água em momentos estratégicos do seu ciclo. Aqui na Irriga Agro, você encontrará um guia completo e técnico sobre como manejar a irrigação do trigo para maximizar o rendimento, seja em sistemas irrigados por pivô central, aspersão ou cultivos de sequeiro com manejo hídrico conservacionista.
1. Necessidades hídricas do trigo
O ciclo do trigo varia entre 100 e 140 dias, com exigência total de água entre 350 e 500 mm, dependendo da cultivar e da região. Essa necessidade não é uniforme: existem fases críticas em que o fornecimento de água tem impacto direto na produtividade.
Fases de maior sensibilidade à falta de água:
- Perfilhamento (15 a 30 dias): define o número de colmos férteis;
- Emborracamento e alongamento do colmo (30 a 55 dias): formação de espigas;
- Florescimento e enchimento de grãos (55 a 95 dias): afeta diretamente o peso e qualidade dos grãos.
Em sistemas de sequeiro, a chuva precisa estar bem distribuída nestas fases, e o produtor deve considerar o plantio conforme previsões climáticas confiáveis.
2. Técnicas de irrigação mais utilizadas
Pivô Central
- Ideal para grandes áreas planas;
- Permite aplicação precisa do volume necessário;
- Facilita a fertirrigação (aplicação de nutrientes via água);
- Consumo de energia e custo de instalação são mais altos, mas compensados por altas produtividades.
Aspersão Convencional ou Automatizada
- Utilizada em áreas menores ou irregulares;
- Pressão moderada e uniformidade são essenciais para evitar erosão e encharcamento;
- Boa alternativa para trigo em terrenos ondulados.
Gotejamento (menos comum)
- Viável apenas em áreas experimentais ou produção especial;
- Alto custo e pouca aplicabilidade em lavouras extensivas.
3. Frequência e volume de irrigação
A irrigação deve ser ajustada conforme o estágio da cultura, tipo de solo e evapotranspiração da região:
Fase do Trigo | Necessidade de Água (mm/dia) | Manejo da Irrigação |
---|---|---|
Emergência a perfilhamento | 1,5 – 2,5 mm | Irrigações leves e frequentes |
Perfilhamento a florescimento | 3,0 – 4,0 mm | Irrigações regulares |
Enchimento de grãos | 4,0 – 5,5 mm | Irrigações mais espaçadas, mas consistentes |
Dica: Use tensiômetros ou sensores de umidade para medir a necessidade real de irrigação no solo.
4. Irrigação em Sequeiro: manejo conservacionista
Em áreas sem irrigação, o produtor precisa adotar técnicas que favoreçam o uso eficiente da água da chuva:
- Plantio Direto: mantém a umidade por mais tempo com cobertura do solo;
- Cobertura vegetal (palhada): reduz evaporação e protege o solo da erosão;
- Escolha da época de plantio: sincronizar com maior probabilidade de chuvas nas fases críticas;
- Uso de cultivares precoces: ciclo mais curto reduz a exposição à seca tardia.
5. Excesso de Água: um risco pouco falado
Assim como a falta, o excesso de água pode ser prejudicial ao trigo:
- Favorece doenças fúngicas como giberela e oídio;
- Pode causar acamamento (tombamento das plantas);
- Reduz oxigenação do solo e causa estresse radicular.
Solução:
- Corrigir o solo para melhor drenagem;
- Evitar irrigar em dias nublados e de baixa evapotranspiração;
- Utilizar curvas de retenção hídrica do solo como base para decisão.
6. Benefícios da irrigação bem manejada
- Aumento de produtividade (até 40% a mais em comparação ao sequeiro);
- Maior segurança frente a veranicos e irregularidades climáticas;
- Melhor qualidade industrial dos grãos (peso hectolítrico, teor de proteína);
- Maior regularidade de espigas e número de grãos por espiga.

Conclusão
A irrigação no trigo, quando bem planejada e adaptada às condições de cada propriedade, pode transformar os resultados da lavoura. Seja em sistemas de sequeiro com práticas de conservação de solo ou em áreas com infraestrutura de pivôs e aspersores, o importante é conhecer o ciclo da planta, monitorar o solo e aplicar água de forma racional. Esse manejo contribui diretamente para a rentabilidade do agricultor e a sustentabilidade do sistema agrícola.