A colheita e o armazenamento do trigo são etapas cruciais para o sucesso da lavoura. Mesmo com um manejo exemplar durante o ciclo, perdas significativas podem ocorrer nesta fase se não houver planejamento e execução adequados. Um trigo bem colhido, seco e corretamente armazenado garante maior valor comercial, preserva a qualidade dos grãos e evita prejuízos com micotoxinas, pragas ou perda de peso.
Colheita e Armazenamento do Trigo
A seguir, confira aqui na Irriga Agro as boas práticas para colher e armazenar o trigo de forma eficiente e segura.
1. Quando colher o Trigo
A colheita deve ocorrer no ponto ideal de maturação fisiológica e umidade adequada dos grãos. Os principais sinais são:
- Espigas secas e palha quebradiça;
- Grãos duros e de cor amarelada ou dourada;
- Umidade dos grãos entre 13% e 15% no momento da colheita.
Atenção: Colher com grãos ainda úmidos pode causar fermentação e mofo. Colher muito tarde pode resultar em perdas por debulha natural e queda de qualidade.
2. Técnicas de colheita
A colheita pode ser realizada de forma mecanizada com colheitadeiras modernas e reguladas ou, em pequenas áreas, com colheita manual seguida de trilhagem mecânica ou manual.
Colheita Mecanizada:
- Usar colheitadeiras com regulagem adequada da velocidade, altura de corte e ventoinha;
- Evitar trituração excessiva dos grãos e perdas por ejeção mal calibrada;
- Ideal para áreas acima de 10 hectares ou para produtores integrados em cooperativas.
Colheita Manual (para pequenas propriedades):
- Corte com foice ou faca agrícola;
- Secagem das espigas ao sol por 3 a 7 dias;
- Debulha com trilha mecânica ou manual;
- Peneiramento e ventilação para limpeza dos grãos.
3. Pós-colheita: limpeza e secagem dos grãos
Antes do armazenamento, é necessário:
- Limpar os grãos para remover impurezas, sementes danificadas e restos vegetais;
- Secar os grãos até atingir umidade entre 11% e 12%, ideal para estocagem de longo prazo.
A secagem pode ser natural (ao sol em terreiros) ou artificial (secadores agrícolas com controle de temperatura até 40°C para não danificar o embrião do grão).
4. Armazenamento correto do trigo
A qualidade do trigo armazenado depende de três fatores: umidade, temperatura e controle de pragas.
Boas práticas:
- Utilizar silos metálicos, armazéns graneleiros ou bags herméticos bem limpos e higienizados;
- Monitorar temperatura interna (ideal: abaixo de 25 °C);
- Realizar expurgo ou aplicação preventiva de inseticidas autorizados para armazenamento;
- Evitar entrada de umidade e infestações por roedores.
Armazenamento alternativo em propriedades familiares:
- Bombonas plásticas bem vedadas;
- Sacarias empilhadas sobre pallets, com ventilação e cobertura contra sol e chuva.
5. Comercialização e qualidade industrial
A qualidade final do trigo influencia diretamente seu valor de mercado. Os principais critérios de avaliação são:
- Teor de umidade (máx. 13%);
- Peso hectolítrico (acima de 76 kg/hL);
- Ausência de grãos mofados, brotados ou danificados;
- Teor de proteína (mínimo de 10,5% para trigo pão).
Dica: Mantenha registros da variedade plantada, tratos culturais, datas de colheita e umidade no momento da entrega.

Conclusão
Colher e armazenar trigo com excelência é um diferencial competitivo para o agricultor moderno. Investir em práticas corretas de colheita, secagem e conservação dos grãos assegura maior lucratividade e abre portas para mercados exigentes, como o de panificação e exportação. Uma lavoura bem cuidada até o último grão é sinônimo de respeito ao trabalho do produtor e ao alimento que chega à mesa do consumidor.