Agricultura Irrigada: métodos e manejo da irrigação

A irrigação muitas vezes significa uma decisão estratégica para a produção agrícola. Em diversas regiões brasileiras a agricultura irrigada é uma necessidade e permite que fazendas obtenham maior produtividade mesmo em áreas de escassez hídrica.

Por que a irrigação é importante?

A irrigação é utilizada para levar artificialmente recursos hídricos para áreas determinadas. Ela vem sendo cada vez mais importante para o setor do agronegócio devido às constantes mudanças do ciclo da chuva, ajudando a manter a lavoura produtiva.

Na prática, toda cultura apresenta fatores que podem influenciar a produção, sendo alguns dos principais deles fatores chamados edafoclimáticos, como água, solo, luz, temperatura, dentre outros. A água é um dos fatores mais importantes, uma vez que deve ser fornecida em quantidades ideais e em momentos adequados. Sendo assim, é possível suprir as diferentes necessidades do cultivo mesmo em períodos de seca, mantendo uma ótima produtividade.

Métodos e sistemas de irrigação

Existem diversos métodos de irrigação e diferentes sistemas disponíveis. Para escolher entre eles é necessário considerar vários fatores como tipos de cultura predominantes, tipo de solo, disponibilidade de energia, dentre outros. Sendo assim é importante frisar que não existe um método e um sistema ideal, mas sim aqueles que se adequam melhor às necessidades do produtor.

Antes de entrar em detalhes, cabe mencionar alguns conceitos:

Método de irrigação é a forma como a água será disponibilizada para a lavoura. São divididas em quatro principais categorias, sendo elas aspersão, localizada, superficial e subirrigação.

Já dentro de cada um desses métodos existem sistemas de irrigação, que são formas de fazer esse fornecimento de água. Na prática estamos falando em conjuntos de equipamentos que realizam essa tarefa.

Entre os métodos de irrigação temos os seguintes:

Irrigação por aspersão

A água é disponibilizada em jatos que caem sobre as plantas, sendo semelhante a gotas de chuva. Dentro desse método, é possível notar três sistemas principais: pivô central, autopropelido e convencional.

Pivô Central:

Pode ser fixo ou móvel, distinguindo-se um do outro por suas possibilidades de mobilidade em campo. No caso do pivô central móvel, a torre de recepção da água pode se deslocar junto com as demais torres. Existe ainda o pivô lateral, que se desloca de forma linear, ao contrário do pivô central que normalmente irriga uma área circular.

Autopropelido:

É um sistema móvel que funciona com o uso de energia hidráulica. Ele se desloca linearmente no campo e pode ser utilizado para fertirrigação. Também é conhecido por canhão ou carretel, uma vez que o aspersor utilizado é abastecido por uma mangueira enrolada desta forma.

Aspersão convencional:

Classificada de acordo com sua mobilidade, esse sistema pode ser fixo, semi fixo ou portátil. É composta geralmente por uma linha principal e as linhas laterais, onde ficam os aspersores.

Irrigação localizada

Nesse método a área molhada é apenas a região da raiz. Utiliza menor volume de água, porém deve ser realizada com maior frequência. Na agricultura irrigada, os principais sistemas são gotejamento, microaspersão e gotejamento subsuperficial.

Gotejamento:

É utilizado com frequência para a irrigação de pomares, cafezais e no cultivo de hortaliças. Nesse sistema, a água percorre um tubo cuja extensão conta com furos. A água cai diretamente nas raízes da cultura.

Gotejamento subsuperficial:

No sistema de microaspersão a tubulação fica enterrada, fazendo com que o solo proteja o equipamento do tráfego de máquinas e da exposição ao clima. A tubulação também conta com furos, por onde ocorre a saída de água. Geralmente é utilizado na irrigação de cana de açúcar, soja, algodão, dentre outros cultivos.

Microaspersão:

É indicada para cultivos que requerem espaçamento largo e grande volume de água. Como é capaz de irrigar uma área maior, a microaspersão é indicada em pomares.

Irrigação por superfície

Também conhecida como irrigação por gravidade, nesse método a lâmina de água é aplicada diretamente no perfil do solo e será distribuída para suas camadas mais profundas pela força da gravidade. É indicado para solos com baixa infiltração e pouco declive e tende a requerer menor consumo de energia elétrica e baixa manutenção em comparação a outros métodos. Seus principais sistemas são o de sulco e o de inundação.

Sulco:

Nesse sistema os sulcos são feitos ao lado das linhas de plantio. A água percorre o sulco por tempo suficiente para que se infiltre no solo.

Inundação:

É utilizada somente para a irrigação de culturas que não oferecem sensibilidade à saturação do solo na região da raiz. O produto é semeado dentro de tabuleiros feitos no decorrer da área. Pode ser realizada nas formas contínua ou intermitente.

Subirrigação

Consiste no aproveitamento de água de lençol freático para a irrigação da cultura. A água vai para a zona de raízes das plantas por ação capilar, portanto o lençol freático deve estar localizado próximo a superfície do solo. Deve haver foco em drenagem para evitar os excessos e ao mesmo tempo poços de observação para evitar a escassez.

Quais são os custos?

Em geral, os custos envolvidos dizem respeito à aquisição, implantação, financeiro, manutenção e operacionais:

Aquisição: Está diretamente ligado ao projeto elaborado, que deve levar em consideração a cultura, o tamanho da área a ser irrigada, permeabilidade do solo, clima da região, dentre outras informações e necessidades do produtor.

Implantação: O preço passa a depender do sistema a ser definido, assim como preparações prévias para a instalação, níveis de automatização do sistema, entre outros.

Financeiro: Diz respeito ao modo pelo qual o equipamento será adquirido. Via capital próprio ou financiamento? É uma parte importante do planejamento.

Manutenção: Também está diretamente relacionado ao sistema definido. Variam ainda de acordo com itens como níveis de automação, frequência, dentre outros. Nesse caso cabe destacar que existe manutenção preventiva e corretiva.

Operacional: Aqui são incluídos os custos relativos a mão de obra e a energia para operação do sistema. O nível de automação do equipamento pode influenciar diretamente nesse fator.

Quais são os procedimentos legais?

Antes de fazer a instalação é necessário regularizar o uso da água. Se a água for proveniente de rios que percorrem apenas um estado, é necessário requerer permissão para o Governo Estadual. Caso o rio passe por mais de um estado, as providências devem ser tomadas junto ao Governo Federal.

Cabe ainda lembrar que os processos de outorga dependem do licenciamento ambiental.

É indicado que o produtor recorra aos órgãos municipais para obter maiores informações para o licenciamento e os passos necessários para a permissão do uso dos recursos hídricos.

Sobre o manejo da irrigação:

O manejo é tão importante quanto a irrigação em si pois garante que a água seja utilizada de forma eficiente, evitando tanto a possibilidade de desperdício quanto de escassez e oferecendo possibilidade da lavoura obter todo o seu potencial. Para tanto, é necessário levar em conta informações relevantes como:

Tipo de cultura: É importante saber quanto de água a planta precisa em cada momento do seu ciclo de vida. Essa informação determina a quantidade de água requerida diariamente e pode variar de acordo com o passar do tempo.

Tipo de solo: Essa informação vai determinar qual a capacidade de retenção de água, o que interfere na determinação de turnos de irrigação.

Sistema de irrigação: Esse ponto determina a quantidade de água disponibilizada para a cultura assim qual o intervalo entre períodos de rega.

Informações sobre o clima: Dados que dizem respeito a meteorologia ajudam a manter o controle sobre o processo de irrigação. Dados como velocidade do vento, umidade relativa do ar, temperatura e volume de chuvas são importantes para determinar o consumo médio por parte das plantas.

Agricultura Irrigada – Conclusão:

Como você pode notar, a agricultura irrigada oferece diversos benefícios para os produtores. Discutimos nesse texto a respeito de sua importância, a disponibilidade de métodos e sistemas de irrigação, bem como custos envolvidos, procedimentos legais necessários e informações importantes a respeito do manejo. Tudo isso deve ser levado em consideração na escolha e implantação de um método conveniente para a irrigação.

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